"Droga na estrada duplicou
Inês Cardoso
A mensagem de que beber álcool e conduzir não são uma boa mistura poderá
estar a resultar nos condutores, ainda que de forma muito lenta, mas o
mesmo não acontece quanto ao consumo de drogas. O número de vítimas
mortais envolvidas em acidentes que acusou consumo de substâncias
psicotrópicas duplicou no ano passado, face a 2006. O número de casos
positivos representa 13,5% do total de exames efectuados.
Mais de metade dos testes positivos surge na categoria dos
canabinóides, precisamente a que tem registado a evolução mais
significativa. O peso dos opiáceos e da cocaína é idêntico, com a
ressalva de que a presença de morfina (incluída no grupo dos opiáceos)
"pode ser justificada por administração durante a assistência
pré-hospitalar".
O balanço anual da pesquisa de álcool e drogas feito nas três
delegações do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), a que o JN
teve acesso, mostra ser a Região Centro a maior "responsável" pela
subida concentra 42 do total de 80 casos positivos, passando pela
primeira vez à frente da zona Sul. Também entre intervenientes em
acidentes e condutores fiscalizados a detecção de drogas ilícitas
aumentou, embora percentualmente em menor escala.
Em Agosto passado, entrou em vigor a realização de testes rápidos de
despiste de drogas, através da saliva, mas a novidade da fiscalização
não implicou uma subida significativa do total de exames efectuados
pelo INML. Aliás, o novo procedimento facilita e generaliza o despiste,
mas apenas são enviados ao Instituto testes positivos, quando no
passado todo o procedimento exigia o recurso a exames sanguíneos.
Significativos, mas sem novidade, são os valores (sempre) muito
elevados de vítimas com taxas de álcool acima do valor legal 31,4% do
total. Ainda assim, com tendência ligeiramente decrescente nos três
últimos anos (ver infografia). José Trigoso, da Prevenção Rodoviária
Portuguesa, considera, contudo, que essa tendência é muito ténue e deve
ser lida com prudência, num período temporal mais alargado (ler
entrevista à direita).
Peões alcoolizados
Padrão inalterável revela o contributo dos peões para esta estatística.
No ano passado, 24,8% dos que morreram atropelados tinham taxas de
álcool irregulares - e destes, dois terços acima da taxa-crime, 1,2
g/l. Os valores agravam-se olhando para os que tiveram alguma
participação em acidentes (muitos dos quais feridos com gravidade) e
que foram, por isso, alvo de testes obrigatórios por lei - 41,7% tinham
bebido em excesso.
Mais difícil é fazer essa leitura no caso dos condutores, já que os
dados dos intervenientes em acidentes surgem agregados com os de exames
de confirmação pedidos na sequência de fiscalização de rotina. Segundo
o INML, os códigos com que recebe as amostras não permite fazer uma
separação dos dois tipos de dados.
Reforçar a fiscalização de álcool e drogas é um dos 28 objectivos
delineados na Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária. O documento
foi elaborado no ano passado, mas para cada objectivo foi agora
constituído um grupo de trabalho. No caso do controlo policial,
promete-se a elaboração de um Plano Nacional de Fiscalização - que,
caso tivesse sido seguida uma recomendação da Comissão Europeia datada
de Abril de 2004, há muito deveria estar implantado."
in http://jn.sapo.pt/2008/04/05/primeiro_plano/droga_estrada_duplicou.html
Inês Cardoso
A mensagem de que beber álcool e conduzir não são uma boa mistura poderá
estar a resultar nos condutores, ainda que de forma muito lenta, mas o
mesmo não acontece quanto ao consumo de drogas. O número de vítimas
mortais envolvidas em acidentes que acusou consumo de substâncias
psicotrópicas duplicou no ano passado, face a 2006. O número de casos
positivos representa 13,5% do total de exames efectuados.
Mais de metade dos testes positivos surge na categoria dos
canabinóides, precisamente a que tem registado a evolução mais
significativa. O peso dos opiáceos e da cocaína é idêntico, com a
ressalva de que a presença de morfina (incluída no grupo dos opiáceos)
"pode ser justificada por administração durante a assistência
pré-hospitalar".
O balanço anual da pesquisa de álcool e drogas feito nas três
delegações do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), a que o JN
teve acesso, mostra ser a Região Centro a maior "responsável" pela
subida concentra 42 do total de 80 casos positivos, passando pela
primeira vez à frente da zona Sul. Também entre intervenientes em
acidentes e condutores fiscalizados a detecção de drogas ilícitas
aumentou, embora percentualmente em menor escala.
Em Agosto passado, entrou em vigor a realização de testes rápidos de
despiste de drogas, através da saliva, mas a novidade da fiscalização
não implicou uma subida significativa do total de exames efectuados
pelo INML. Aliás, o novo procedimento facilita e generaliza o despiste,
mas apenas são enviados ao Instituto testes positivos, quando no
passado todo o procedimento exigia o recurso a exames sanguíneos.
Significativos, mas sem novidade, são os valores (sempre) muito
elevados de vítimas com taxas de álcool acima do valor legal 31,4% do
total. Ainda assim, com tendência ligeiramente decrescente nos três
últimos anos (ver infografia). José Trigoso, da Prevenção Rodoviária
Portuguesa, considera, contudo, que essa tendência é muito ténue e deve
ser lida com prudência, num período temporal mais alargado (ler
entrevista à direita).
Peões alcoolizados
Padrão inalterável revela o contributo dos peões para esta estatística.
No ano passado, 24,8% dos que morreram atropelados tinham taxas de
álcool irregulares - e destes, dois terços acima da taxa-crime, 1,2
g/l. Os valores agravam-se olhando para os que tiveram alguma
participação em acidentes (muitos dos quais feridos com gravidade) e
que foram, por isso, alvo de testes obrigatórios por lei - 41,7% tinham
bebido em excesso.
Mais difícil é fazer essa leitura no caso dos condutores, já que os
dados dos intervenientes em acidentes surgem agregados com os de exames
de confirmação pedidos na sequência de fiscalização de rotina. Segundo
o INML, os códigos com que recebe as amostras não permite fazer uma
separação dos dois tipos de dados.
Reforçar a fiscalização de álcool e drogas é um dos 28 objectivos
delineados na Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária. O documento
foi elaborado no ano passado, mas para cada objectivo foi agora
constituído um grupo de trabalho. No caso do controlo policial,
promete-se a elaboração de um Plano Nacional de Fiscalização - que,
caso tivesse sido seguida uma recomendação da Comissão Europeia datada
de Abril de 2004, há muito deveria estar implantado."
in http://jn.sapo.pt/2008/04/05/primeiro_plano/droga_estrada_duplicou.html